quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Marquei uma consulta de Psicologia...e agora??

Pela minha experiência, quando alguém vai a uma consulta de Psicologia pela primeira vez, nunca sabe muito bem o que esperar. O "medo" do desconhecido é natural, até porque, à priori, a pessoa que procura ajuda, já está ansiosa e preocupada com o seu problema. Embora tenha pacientes que já foram consultados por outros colegas, a maioria são pessoas que nunca tinham ido ao psicólogo.
Ora bem, desmistificando um pouco o assunto, a primeira consulta serve, essencialmente para identificar o ou os problemas, saber onde e quando aquele problema começou, ou seja, há quanto tempo perturba a vida da pessoa. Também é importante percebermos qual a ideia que o paciente tem acerca do problema e o que já fez para o tentar resolver.
Conversamos também sobre os vários aspectos da vida do paciente, tais como, o trabalho, os interesses, os tempos livres, as relaçoes familiares, as relações amorosas, antecedentes clinicos ou psiquiatricos e medicação que toma actualmente.
No final da sessão, podemos então definir um diagnóstico e traçar os objectivos terapeuticos em conjunto com o paciente, podendo estimar, nessa altura, o número provável de sessões que serão necessárias até que o paciente termine o tratamento e tenha alta.
Caso o psicólogo tenha ficado com dúvidas relativamente ao diagnóstico, pode marcar uma outra sessão para aplicação de provas de avaliação psicológica.
Também ocorrem situações, em que as pessoas buscam apenas um conselho sobre uma situação específica e, em apenas uma sessão, conseguimos resolver o problema identificado.
Este post refere-se a sessões de psicoterapia com jovens e adultos a nível individual.
Quando se trata de crianças, terapia de casal ou terapia familiar, os procedimentos são diferentes.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Psicologia do bebé e da criança

Situações em que a consulta de Psicologia pode ser útil:

- avaliações do desenvolvimento infantil (psicomotor, cognitivo....)
- esclarecimento de dúvidas relacionadas com o controle de esfíncteres
- problemas relacionados com o sono (dificuldades em adormecer, pesadelos, medo de dormir sozinho...)
- divórcio dos pais
- problemas relacionados com a alimentação
- dificuldades na aprendizagem
- dificuldade em manter a atenção, concentração
- problemas de comportamento (comportamento de oposição, birras...)
- luto
- fobias
- tristeza
- dificuldades no relacionamento interpessoal
- problemas relacionados com a auto-estima
-etc.

Se o seu filho apresentar algum destes problemas,e notar diferenças no comportamento (perda de apetite, maior apatia...), aconselhe-se com um especialista. Mais vale prevenir...

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Dia Mundial da Saúde Mental

Na semana passada assinalou-se o Dia Mundial da Saúde Mental.
Apesar de, atualmente termos uma maior acesso à informação, os portugueses continuam a descurar os problemas relacionados com a psique.
Devido à conjetura atual, este facto não é de estranhar. Apesar de parte do meu rendimento passar pelas consultas de Psicologia no privado, como compreendo as pessoas… se às vezes vamos adiando a ida ao dentista porque “é só uma dor de dentes”, para podermos poupar algum dinheiro em meses mais complicados…
Infelizmente, o Estado aposta cada vez menos nesta área, apesar do número assustador das vendas de antidepressivos em Portugal durante este ano.
Conheço algumas pessoas que estão à espera de uma consulta de Psicologia no Hospital, há mais de 7 meses.
Os hospitais despediram psicólogos este ano. Alguns hospitais públicos trabalham com um psicólogo ou dois, no máximo.
Nas escolas, pondera-se despedir os psicólogos (como já aconteceu em muitas delas) e colocar os professores a realizarem as avaliações psicológicas/ orientação escolar: ahahahahah
Com todo o respeito que me merecem os professores (o meu marido é professor), isto só pode ser uma brincadeira! Esta situação tem vários fatores indicadores de insucesso:
- a falta de formação
- a ilegalidade (apenas psicólogos podem realizar avaliações psicológicas)
- a relação estabelecida com alunos não é tao neutra quanto seria desejável.
Estas são apenas algumas das situações flagrantes que ocorrem no nosso País. Por mais que a Ordem dos Psicólogos tente negociar alternativas, não vislumbro um futuro melhor, já que este passaria, principalmente, pela PREVENÇÃO dos problemas de saúde mental.
Sei que um tratamento de psicologia fica bastante caro, mas a ideia da maioria das pessoas é que são precisos vários meses. Isto não é necessariamente verdade...dependendo da maneira como cada um (psicologo e paciente) se empenharem no processo terapeutico. Não descure a sua saude, tanto fisica como psicologica/mental.

Gostava de transformar este blogue, como já disse anteriormente, num espaço facilitador e de ajuda à população. Se tiverem alguma dúvida relacionada com a área da Psicologia, por favor, estejam à vontade para a colocarem aqui.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Experiência profissional

Várias pessoas me têm questionado, em contexto de clínica acerca da minha experiência profissional. Tal facto deve-se, sobretudo, a algo que se chama "desconfiar de quem aparenta ser jovem..."
É verdade, em algumas profissões a idade continua a ser um posto e eu tenho a "desvantagem" de ainda parecer uns anitos mais nova do que de facto sou.
Para esclarecer as dúvidas relativas a questões de experiencia profissional, aqui vai um ligeiro resumo do percurso que tenho percorrido desde o fim da Licenciatura (pré-bolonha):
Iniciei o meu percurso profissional como todas as pessoas com o estágio da Universidade. O meu estágio académico foi realizado, durante um ano lectivo, na APPDA-Norte (Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo), com crianças autistas. Devo muito à minha colega de estagio, Elizabete e, principalmente, à minha super orientadora Patricia. Graças a ela percebi o quão gratificantes são os pequenos ganhos do dia-a-dia e que, na nossa profissão, não podemos desanimar com os retrocessos que vão ocorrendo. Também graças a ela acabei o estágio com média de 19 valores. Isto em 2005.
Em 2006 tive a oportunidade de realizar um estagio profissional na Santa Casa da Misericórdia de São Joao da Madeira, nas valências de Lar de Idosos e Casa de Repouso que concluí com a classificação final de Muito Bom.
Desde então, que permaneço nesta IPSS, que me tem acolhido e ajudado a crescer como ser humano e profissional. Actualmente desempenho funções de psicóloga nas valencias de Centro de Dia, Lar de Idosos e Unidade de Cuidados Continuados, mas também já trabalhei tres anos nas valencias da Infancia (creche e infantários). Já orientei estágios de várias Universidades, tanto públicas como privadas.
Dou formação em àreas distintas da Psicologia.
Participei e participo em estudos de caracter cientifico.
Sou, desde 2009, membro da comissão cientifica da Revista Peritia-Revista Portuguesa de Psicologia.
Tenho escrito artigos de carácter cientico para publicação.
Desde 2011 descobri uma ocupação profissional que, servindo como part-time, me faz sentir ainda mais valorizada como Psicóloga: a clínica privada. Desde Junho do ano passado que dou consultas na Clinica Jardins do Castelo em Santa Maria da Feira. E gosto muito de o fazer. Inicialmente achava que já tinha o tempo demasiado ocupado com tudo o resto, mas sinto-me bem assim.
Adoro trabalhar.
E sim, é possível conciliar uma genda cheia de trabalho com uma familia.
Apesar de cismar que tenho de ser capaz de fazer tudo e nem empregada termos em casa (como a maioria dos portugueses), a prioridade é o nosso filho. E aproveitarmos ao máximo todos os minutos que estamos em casa. E brincarmos com ele. E deitarmo-nos tarde porque só arrumamos a cozinha depois de o por na cama, por exemplo. E adiar consultas se houver festinhas na escola.
Sinceramente... tudo isto (esta sobrecarga) começou  por necessidade, mas tornou-se um gosto, uma vontade de querer fazer cada vez melhor e de nunca ter parado de estudar, até hoje, apesar do cansaço.
Obrigada a toda a minha família, principalmente, que é por causa deles e por eles que hoje não me sinto cansada, mas sim grata por tudo o que consegui fazer.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Violência nas escolas...Poderia não existir?

Cada vez mais ouvimos falar de Bullying,  termo que até há bem pouco tempo não era muito conhecido em Portugal. Devo confessar que só soube do que se tratava no 1º ano da faculdade, há cerca de 14 anos atrás :). Ora bem, o Bullying é nada mais nada menos que um comportamento de violência que pode ser física, psicológica ou ambas infligido por um elemento mais "forte" sobre um mais "fraco". 
Este artigo trata principalmente da violência entre crianças, nas escolas, mas o  Bullying também existe no trabalho, entre hierarquias ou entre colegas e até pode ocorrer entre parceiros nas relações amorosas.
Relativamente à realidade Portuguesa, estamos muito menos atentos a estas situaçoes do que noutros países, como por exemplo os EUA. Este fator pode dever-se à nossa cultura mais tolerante em relaçao a estes atos: Muitos pais dizem aos filhos para "nao serem mariquinhas" e "se levas, tens que bater ainda mais..." ou entao relativizam com a desculpa do costume " é normal...sao crianças... no meu tempo também levava e dava!" (como já ouvi tantas vezes). 
No entanto, nada agora é como era no "nosso tempo". 
As crianças hoje em dia têm acesso a informação a que nós não tínhamos, o que, sem querer dramatizar, lhes tirou de certo modo, a inocencia. Passam mais tempo na escola, fechados, depois vão para os ATL e continuam fechados... sabemos que essa situação é inevitável... nem nos passa pela cabeça, hoje em dia, deixar um filho sozinho em casa depois da escola, uma tarde inteira, como acontecia antigamente.
O que eu quero dizer com isto, é que nunca mais vamos poder comparar "como era no nosso tempo" com o AGORA, a ATUALIDADE.
Tudo mudou. Mudou depressa demais...
Antes de dizermos a um filho para não "ser mariquinhas" temos que pensar, que se calhar, ele poderá deixar de nos contar as coisas, por achar que nos vai desiludir... as crianças têm uma capacidade impressionante de acharem que os acontecimentos maus acontecem por sua culpa. Por isso devemos sempre incentivar o dialogo, e estarmos atentos aos sinais:

- dificuldade de concentração nas aulas e diminuição do rendimento escolar;
- a criança está feliz durante o fim de semana, mas começa a manifestar sinais de ansiedade ao Domingo à noite e todos os dias de manhã;
- queixa-se de dores de estômago;
- não quer almoçar na escola;
- começa a preferir a companhia de adultos;
- tem pesadelos;
- os pais reparam em nódoas negras ou arranhoes (estejam atentos durante o banho)
- começa a pedir dinheiro extra ou a "perder coisas de valor"(muitas crianças sao ameaçadas, caso nao deem dinheiro ou bens ao agressor)
- o seu humor varia de uma forma nao habitual;
- conta que os amigos dizem mentiras a seu respeito;
- quer mudar de escola;
- começa, a maltratar os irmaos;
- aparenta um interesse subito por jogos e filmes violentos.

Devemos procurar ajuda imediatamente, caso o nosso filho:
Contar que está a ser ameaçado ou agredido; falar sobre querer fugir; dizer que se sente muito triste; falar sobre suicidio..

O que fazer?
Contactar imediatamente a escola e tentar esclarecer o caso com a direçao (o que nem sempre é facil)
Procurar a ajuda do Psicólogo da escola 

Infelizmente, no nosso País, não existe apoio preventivo (nem do outro :( ) ao nível da Psicologia. Os meus colegas que trabalham em escolas, um por Agrupamento- nos melhores casos- não conseguem dar o apoio necessário a estas vitimas e suas familias. 
Por isso, muitas optam pelo privado. E têm mesmo que o fazer. 
Por exemplo, nos EUA, centenas de jovens cometem suicidio por ano devido ao Bullying e temos conhecimentos de casos que ocorreram no nosso País também.
Além do Bullying, começamos a ouvir falar também sobre o Cyberbullying, principalmente no que diz respeito ao denegrir da imagem dos jovens nas redes sociais e ao envio de emails ameaçadores.

Estes casos, quando detectados a tempo, não necessitam de muito tempo de terapia... os objectivos principais sao os de restaurar a auto-estima da criança ou jovem e dotá-los dos meios necessários para enfrentar os agressores. (Mudar de escola nao resolve, dado que a criança iria voltar a adoptar a mesma postura de vítima e seria novamente agredida). Os pais também são envolvidos na terapia, de modo a aprenderem estratégias que os ensinarão a estar atentos a todos os sinais e a promoverem uma relação de confiança com os seus filhos).

Como me estou a alongar demasiado neste tema, peço que coloquem todas as dúvidas que quiserem, mas deixo uma ideia, para quem queira participar nesta iniciativa comigo:

Que tal criarmos bancos de voluntários, tal como há nos Hospitais, mas para darem apoio nas Escolas, vigiando os recreios? Acho que os casos de violência  diminuiriam consideravelmente...

Vamos pensar nisto???



quarta-feira, 4 de abril de 2012

Será que os opostos se atraem?

Segundo as leis da Física, sim.
E nas relações afetivas? Será que esta "lei" que acabou por se tornar um provérbio popular faz sentido?
No outro dia, ao conversar com uma amiga, chegámos à conclusão que , se calhar, fez sentido numa dada altura da nossa vida, em que éramos mais novas e acreditávamos que o melhor de estar apaixonado era precisamente o desafio de "tentarmos mudar a outra pessoa..." 
Olhando para trás, e falando por nós mulheres (digam lá se não é verdade)... quantas vezes nos apaixonámos (ou julgámos estar apaixonadas) precisamente  pela pessoa que sabíamos que era totalmente diferente de nós, que nunca se esforçava para nada na relação, que se calhar, de uma maneira dissimulada, muitas vezes nos fazia sentir o pior ser à face da Terra? Mas nós gostávamos...numa inocência adolescente achávamos que "ele iria mudar" .
As mulheres jovens (entre os 16 e os 23 anos, mais ou menos) são mesmo assim :), precisam de desafios para aprender a dar valor ao que virá a ser realmente importante numa relação futura. 
Com o passar do tempo começamos a ser mais ambiciosas no que diz respeito às relações, principalmente porque os nossos objetivos já não passam  pela descoberta, mas sim pela procura de um companheiro para a vida.
No caso da atração entre pólos opostos na relação homem-mulher, cada um tem a sua perspectiva e, certamente que existem situações em que isso acontece.
No entanto vou partilhar o meu caso: eu e o Pedro sempre nos demos muito bem, apesar de, na altura em que o conheci, ele ser bastante mais extrovertido que eu, o que me ajudou a ultrapassar um pouco as dificuldades que tinha em lidar com o mediatismo a que ele estava exposto na altura. 
Nesse aspecto, sim, sermos diferentes ajudou (a mim principalmente).
No entanto, acreditem... se não gostássemos de frequentar os mesmos sítios, se não tivéssemos interesses em comum, se não gostássemos de ver os mesmos programas de televisão, se não pensássemos da mesma maneira relativamente à educação do nosso filho, etc, etc,etc... a nossa relação NUNCA daria certo!
Porque para mim, aliada à parte romântica e à atração entre duas pessoas, estão principalmente a amizade e o companheirismo, porque é isso que fica para sempre. É isso que torna as relações sólidas.
É isso que me faz imaginar, que daqui a muitos anos, continuaremos a achar piada e a rirmo-nos das mesmas coisas...juntos...mesmo quando formos uns velhinhos rezingões :)


(Atenção que este foi um post meramente opinativo, sem qualquer base cientifica. Baseou-se apenas numa conversa entre duas amigas que não se viam há muito tempo e nas suas opiniões pessoais...)

Obrigada!

E, em menos de um mês, chegámos às 500 visitas!
Muito obrigada!

terça-feira, 27 de março de 2012

Para sermos grandes temos mesmo que ser inteiros!

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive

                  Ricardo Reis

Cada vez mais me causam impressão as pessoas que "se arrastam pela vida"... O que quero dizer com isto? Todos nós conhecemos pessoas assim, que passam o dia a arrastar as horas, a fazer o mínimo possível e a lamuriarem-se da vida e do trabalho. Ás vezes penso que, se calhar, também já fui assim há muitos anos atrás  mas felizmente a vida ensinou-me (não da melhor maneira) que temos que trabalhar muito, lutar mais ainda e acreditarmos que seremos capazes de ultrapassar as dificuldades. Muitas dessas pessoas até podem nem ter muito do que se queixar, mas e se tiverem? Fazem alguma coisa para mudar as suas vidas? As que conheço não... continuam a viver agarradas à sensação de incapacidade que se instalou nos seus cérebros e nas suas personalidades...Até devem ter muitas coisas boas que as deviam fazer sentirem-se gratas, mas infelizmente só conseguem ver e falar sobre os aspectos negativos tanto delas próprias como dos outros. Depois justificam-se com frases do género: "Eu não posso fazer nada... estamos em crise..." Eu, mais do que muitas pessoas, sei bem o que é estar em crise. E por isso mesmo peço, principalmente aos jovens, que lutem pelas suas vidas. Não vivam agarrados às vidas dos pais para sempre... Até podem não existir grandes oportunidades de trabalho na área em que se estudou. Mas até que essas oportunidades surjam, façam outras coisas, arranjem outro emprego, façam voluntariado, agarrem-se a alguma causa na qual acreditem.
Sermos e sentirmos que somos úteis torna-nos instantaneamente pessoas melhores.
Se tivermos um emprego do qual não gostamos muito, devemos ser gratos por estarmos a trabalhar quando tantas pessoas estão desempregadas. Podemos continuar a lutar por um sonho, a concorrer para o que julgamos ser a nossa verdadeira vocação. Se não nos acomodarmos e acreditarmos que tudo é possível, as coisas acontecem...
 E tentarmos não nos queixar tanto, agarrando-nos às coisas boas que temos, inovando, dando o nosso máximo, sem perdermos a nossa energia e força interior, mas sem deixarmos que outras pessoas (essas negativas de quem falo :)) as retirem de nós também...Vamos exagerar e brilhar, para podermos melhorar as nossas vidas!! E como diz o outro: "Agora pensem..."



sábado, 24 de março de 2012

Qual é o motor das nossas vidas?

Alguma vez pensaram sobre as coisas que nos motivam a continuar com as nossas vidas? Para uns de nós pode ser o trabalho, para outros os filhos, a família, um projecto novo...
Resumindo: a nossa vida deixa de ter sentido quando deixamos de ter um objectivo, algo que ainda queiramos fazer ou alcançar. Esta falta de sentido é mais notória quando envelhecemos e deixamos de trabalhar. Os filhos (aparentemente) já não precisam da nossa ajuda... Nesta fase da vida, em que nos sentimos mais sozinhos e perdidos, surgem muitas vezes depressões graves. Estas depressões são muito perigosas porque estão encobertas por um sentimento socialmente aceite de que "é normal, já fiz tudo o que tinha a fazer, faz parte da idade". Infelizmente, também existe uma certa vergonha escondida (da parte de alguém que acredita que tudo o que a vida lhe ensinou é suficiente para lidar com os medos sentidos) que impede a procura de ajuda.
É necessário que as pessoas consigam aprender a gerir essas perdas e a integrá-las nas suas vidas como algo natural , algo que faz parte do ciclo de desenvolvimento humano.
Ao tratarmos os sintomas depressivos, ao envolvermos os familiares mais próximos neste processo e ao ajudarmos a pessoa a encontrar novos objectivos para a sua vida, como psicólogos, estaremos a diminuir o isolamento dos idosos e a evitar tristes casos de solidão como os que temos assistido nos noticiários.
Cabe a cada um dos idosos, primeiro, reconhecerem que o que sentem não tem que ser "normal", mas principalmente ao Estado, tomar medidas preventivas, contratando psicólogos e assistentes sociais especializados na àrea da gerontologia. As vezes tentamos poupar no essencial e desperdiçamos no supérfluo.  Vários estudos reconhecem que se apostassem mais na contratação de psicólogos (não só nesta área, mas em todas as outras), seriam poupados milhões de euros em tratamentos e internamentos hospitalares...

segunda-feira, 19 de março de 2012

Quanto valor conseguimos dar às pequenas coisas?

É inevitável. Em certos dias acordamos e parece que nada corre bem. Normalmente esses dias começam com um atraso matinal justificado por uma preguicite aguda de quem já está mais do que a precisar de férias. A partir daí...esqueçam... todo um desenrolar de acontecimentos aparentemente trágicos surge. Saímos de casa sem tomar o pequeno-almoço, levamos o filho à escola a correr (e sim, até esse aparenta estar menos colaborante que nos outros dias!). No trabalho, o dia continua igual...até a máquina de café deixou de funcionar... até que finalmente comentamos com alguém: "Hoje estou com um azar...acordei com o pé esquerdo, o dia ainda vai acabar mal!". Somos portugueses e tendencialmente pessimistas, mas será que o azar existe mesmo?! E se existir? É muito injusto uns terem sorte e outros não! Qual será o critério de selecção da mãe Natureza para isso?? Ou será que há pessoas que ao passarem por uma experiência negativa (como neste caso, o facto de estar atrasada) vivenciam de tal modo esse acontecimento que não são capazes de reparar nas coisas boas que aconteceram entretanto ao longo do dia? Mencionam o facto de o filho não estar colaborante de manha, mas com a ansiedade da situação, nem deram valor ao facto de, ao deixá-lo na escola , terem ouvido um "gosto muito de ti"...
Porque pensamos logo que o dia vai acabar mal? Não estaremos a atrair esse tipo, não de situações, mas de sentimentos para a nossa vida?
A nossa história como seres humanos é feita de pequenos momentos e a vida dá-nos a oportunidade de lidar com eles como bem entendermos. Muitas das vezes, pensamos muito nas coisas negativas e em como, se calhar, nunca vamos ser capazes de as ultrapassar. A nossa vida é muito breve. Devemos aproveitar as pequenas coisas do dia-a-dia. As coisas simples da vida. Pensar em quão felizardos somos por poder dar um passeio no parque com quem nos é mais querido...ou dar valor a um cachorro quente dividido a três, quando isso, anteriormente era tão certo e tão fácil. Eu dei valor a essa partilha. Muitos sabem do que falo.
A maneira como pensamos influencia sem dúvida a nossa vida. Só temos que modificar algumas crenças erradas que se enraizaram na nossa personalidade e acreditem que poderemos viver mais felizes.

terça-feira, 13 de março de 2012

O meu filho vai para a escola primária... e agora???

Recordo-me muito bem do meu primeiro dia de escola. Estava ansiosa, mas feliz. A minha experiência no infantário não foi das melhores que poderia ter tido, mas hoje assumo que foi por minha culpa (e por "culpa" de um amor imenso que as três mulheres da minha vida- avó, mãe e mãe "postiça" nutriam por mim). Foi o suficiente para que ligassem todos os dias para a creche... se me ouviam chorar, lá ia uma delas buscar-me :). Hoje, se me procurassem, como profissional, obviamente que lhes diria: grande erro!
No entanto, julgo que ninguém sentiu preocupação ou medo relativamente ao que era esperado de nós, crianças da altura, na entrada para a escola primária. Tudo decorria com a normalidade habitual para a época: tinha aulas de manhã, chegava a casa e fazia os TPC depois do almoço para poder passar o resto do dia a andar de bicicleta.
Agora, as preocupações são outras, a competitividade sentida pelos pais nos locais de trabalho é sentida também pelas crianças na escola. A maior parte frequentou o ensino pré escolar e teve acesso a aulas de musica, de ciencias, de ingles...o meu filho, há dias foi à Opera! (é importante salientar que ele tem 4 anos).
Poucas são as crianças que não entram na escola sem saberem escrever o seu nome, pelo menos!
Muitos pais têm dúvidas relativamente a todo este processo e muitos gostariam de saber, por exemplo, quais as àreas em que os seus filhos irão sentir mais dificuldades. Também se coloca muitas vezes a questão relativa às crianças que nasceram em Dezembro e entrarão com 5 anos de idade para o 1ºano: "estarão preparadas?"
O mais importante é motivar a criança para esta nova fase da sua vida, sem lhe transmitir demasiada ansiedade, de modo a facilitarmos a sua adaptação.
Sempre que existirem dúvidas, poderão sempre consultar a opinião de um psicólogo que ajudará a esclarecê-las e que poderá ainda, realizar a Avaliação das Competencias de Aprendizagem da criança para a entrada no pré-escolar. Se forem detectadas dificuldades em alguma das àreas avaliadas (Conceitos verbais, Conceitos quantitativos, Memória auditiva, Noção de constância das formas, Noção de posiçoes no espaço, Orientação espacial, Coordenação olho-mão e Percepção visual) estas poderão ser trabalhadas tendo como recursos Programas de Desenvolvimento de Aprendizagem criados especificamente para estas situações. É então elaborado, posteriormente,  um plano de intervençao (em conjunto com  a educadora e os pais da criança).
Em alguns casos pude comprovar que, por vezes, basta um ou dois meses de intervenção com a criança para que esta consiga ultrapassar as dificuldades diagnosticadas. No final deste trabalho, é sempre entregue aos pais e à professora da escola onde a criança vai ingressar, um relatorio para que fiquem cientes não só das suas dificuldades, mas também das potencialidades apresentadas.
Torna-se, no entanto, muito importante salientar 2 aspectos:
1. Devemos dar sempre às crianças o tempo de que necessitm. Cada uma possui uma personalidade única e ritmos próprios de aprendizagem e desenvolvimento.
2. A disponibilidade para ouvir pais e educadoras é de extrema importância. O trabalho não passa nunca, apenas pela avaliação. Sempre que seja necessário, o psicólogo deverá ser capaz de aconselhar a ajudar a solucionar as situações que, inevitavelmente, vão surgindo. Por vezes basta mudar pequenas atitudes educativas para alterarmos um comportamento não desejado.
Qualquer dúvida, já sabem... :)

  

segunda-feira, 12 de março de 2012

A importância da Avaliação do Desenvolvimento em Bebés e Crianças

Infelizmente, como em muitas outras áreas, poucas são as instituições que têm um Psicólogo dedicado a acompanhar os primeiros anos de vida de uma criança. Este trabalho é extremamente importante, dado que, existindo qualquer atraso desenvolvimental ou patologia clínica, se esta for detectada precocemente poderá ser tratada com sucesso. Como profissional, começo sempre por saber o historial biopsicossocial da criança, através de uma entrevista de Anamnese aos pais ou ao encarregado de educação. Também é importante, se a criança andar na creche ou na Pré-primária, obter algumas informações da educadora responsável (normalmente também através de uma entrevista pré formatada). Tanto a Anamnese como a Entrevista às Educadoras foram sendo aperfeiçoadas ao longo dos anos e, neste momento, possuem o formato que considero ideal para esta primeira fase de avaliação. Durante a conversa com os pais surgem muitos outros assuntos importantes para o futuro estabelecimento de uma relação entre o psicólogo e a criança. Também é uma oportunidade para serem esclarecidas algumas dúvidas dos pais em relação a outros temas, como por exemplo, a idade ideal para a criança deixar as fraldas, a chupeta, etc...(este tema será abordado  em futuros posts).
Após o estabelecimento de uma relação de confiança (que depende muito de criança para criança), procedemos à Avaliação Desenvolvimental. Esta pretende avaliar se a criança possui um nível de desenvolvimento mental adequado à sua idade cronológica nas seguintes áreas:
- Locomoção
- Pessoal e Social
- Audição e Linguagem
- Coordenação Olho-mão
- Realização
- Raciocínio pratico
Esta avaliação é feita individualmente, através de escalas  de desenvolvimento compostas por jogos lúdicos que cativam as crianças. Habitualmente é preferível que seja feita sem a presença dos pais, mas nos casos em que a criança é muito pequena ou pede a presença dos mesmos, estes poderão estar presentes na consulta.
Se, durante a avaliação, for detectado algum problema, os pais são imediatamente informados, e em conjunto, procuraremos soluções para resolver a situação.
Após esta avaliação é elaborado um detalhado relatório que descreve pormenorizadamente não só a evolução geral do desenvolvimento mental, mas também a evolução de cada uma das áreas desenvolvimentais estudadas, comparando sempre o nível de desenvolvimento mental com a idade cronológica da criança.
Se é habitual os pais levarem as crianças ao Pediatra, pelo menos uma vez por ano para avaliar o seu desenvolvimento físico, também deveria ser encarado com a mesma naturalidade, querermos saber como se está a desenvolver mentalmente o nosso filho... por mim falo, que antes de ser Psicóloga, também sou mãe :)
Não se esqueçam que estarei sempre disponivel a esclarecer qualquer dúvida sobre os artigos publicados.


The importance of the Mental Development Evaluation in Preschool Aged Children
Unfortunatelyas in many other areas, there are few institutions that have a dedicated Psychologist to follow the early life of a child. This work is extremely important, since that in case of any clinical disease or developmental delayif it is detected  early can be treated successfullyAs a professional, I always start by knowing the child's biopsychosocial historythrough a case history interview to the parents or tutors. It is also important if the child goes to  the nursery or to the pre-school, to gett some information from the teacher in charge (usually also through an interview). Both the Anamnesis as the Educators Interviwe have been improved over the years and finally, they have the format that I consider ideal for this initial evaluation phaseDuring the conversation with parents we usually talk about many other important issuesThis issues will help in the future establishment of a relationship between the psychologist and the childIt is also an opportunity to clarify some of the parents doubts related to other topics, such as the ideal age for a child drop out of diapers, pacifiersetc ... (this issue will be addressed in future posts)After the establishment of a relation based on trust  (which depends very much from child to child), we shall proceed with the Developmental Evaluation. This aims to assess whether the child has a level of mental development suited to their chronological age in the following areas:
- Locomotion
- Personal and Social
- Hearing and Language
- Hand-Eye Coordination
- Output
- Reasoning practice
This assessment is carried out through development scales that usually consist in  fun games that captivate children. Usually it is preferable to be made without the presence of parents, but in certain  cases where the child is too small or require their presence, they may be present in the child evaluation.
If, during the evaluation, a problem is detected, parents are immediately  informed , and all together, we´ll try seeking for solutions to resolve the situation.
After this evaluation is prepared a detailed report describing in  not only the overall progress of mental development, but also the evolution of each of the developmental areas studied, always comparing the level of mental development with the chronological age of the child. 

If it is common for parents taking children to the pediatrician at least once a year to assess their physical development, should also be regarded as naturally, wanting to know how it is mentally developing  our son ... I speak for me, that before being a Psychologist, I am also a mother :)
Do not forget that I am always available to answer any questions about the published articles. 

sexta-feira, 9 de março de 2012

"Tudo depende de como vemos as coisas e não de como elas são" Carl Jung

Nada poderia ser mais verdadeiro... esta frase define, antes de mais, a minha filosofia de vida, desde há uns anos para cá. Quando as coisas parecem por si só garantidas não paramos muitas vezes para pensar que, de um momento para o outro, tudo pode mudar. Apesar de ser psicóloga há sete anos (no activo :)), foi quando passei pela pior fase da minha vida (em conjunto com a minha família) que percebi o poder do pensamento e a força que este nos dá na gestão das dificuldades diárias...principalmente quando parece que nada irá melhorar. Tenho vindo então a descobrir uma nova faceta da Psicologia (a que uso no trabalho, mas também na minha vida pessoal), uma Psicologia virada para os problemas do presente e centrada na resolução dos mesmos. Afinal, se resolvermos os nossos problemas do presente, conseguiremos viver melhor no futuro, não é verdade?

"Everything depends on how we see things and not how they really are"Nothing could be more true ... This phrase defines, first of all, my philosophy of life, since some years agoWhen we take things as guaranted, usually we dont´t  stop  thinking that from one moment to another, everything can change. I´m a psychologist since 2005 (in active :)), and was when I went through the worst days of my life (along with my familythat I realized the power of thoughts and how they can give us strength to manage the difficulties of daily life .. .especially when it seems nothing will get betterI then come to discover a new side of psychology (which I use at workbut also in my personal life), a psychology to the problems facing the present and focused on solutionsAfter allif we solve our present problems, we can live better in the future, isn´t this true?



Ana